domingo, 15 de janeiro de 2012

Números atestam debilidade do governo Aidan no esporte

É visível que a gestão de Aidan Ravin (PTB) na Prefeitura de Santo André não coloca o esporte entre as prioridades.

O sucesso esportivo de uma cidade é medido pelo desempenho obtido nos Jogos Abertos do Interior. É nessa competição que podem ser avaliadas as atitudes tomadas durante a temporada, a aplicação adequada dos recursos disponíveis e a metodologia com que é conduzido o trabalho. Não tem segredo: os municípios que investem melhor conseguem os resultados mais expressivos.

Curioso avaliar, porém, que Santo André, dono do segundo maior orçamento entre os participantes (R$ 2,6 bilhões) e o segundo com maior índice de população (678.486 habitantes) é também o que menos investe na área esportiva (0,49% do total disponível). A consequência é a vexatória 12ª posição obtida na última edição dos Abertos, em novembro, em Mogi das Cruzes.
Na contramão aparece justamente a rival São Bernardo. A cidade é a mais populosa (770.253 habitantes) e também a com o maior orçamento (R$ 3,7 bilhões), porém conseguiu fazer refletir a superioridade na prática e garantiu o título dos Abertos na última temporada, quebrando jejum que durava 38 anos.

Se Santo André, por exemplo, investisse no Esporte os mesmos 0,67% que são destinados por São Bernardo, injetaria mais R$ 4,6 milhões na área que, se bem aplicados, poderiam fazer o município recuperar os bons momentos das décadas de 1970 e 1980, quando conquistou 11 dos 12 títulos disputados em 75 anos de história dos Abertos - o último foi em 1996, quando a competição foi realizada em Bragança Paulista.

FORA DOS PLANOS

É visível que a gestão de Aidan Ravin (PTB) na Prefeitura de Santo André não coloca o esporte entre as prioridades. Modalidades que antes eram consideradas carros-chefe do município, hoje estão abandonadas e entregues ao acaso, como, por exemplo, o vôlei masculino, bicampeão mundial que, graças ao apoio da iniciativa privada, busca o renascimento na disputa da Superliga B - espécie de Segunda Divisão Nacional. O judô, que já teve os supercampeões Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, nos últimos anos, por conta do baixo valor investido, não consegue nem mesmo segurar os talentos que surgem nas categorias de base.

Para piorar a situação, o pouco que é separado para o esporte andreense ainda é mal aplicado. A quantia de R$ 12,8 milhões que consta no Orçamento é praticamente a mesma que Santos tem à disposição (R$ 13,5 milhões). Com esse recurso, a cidade do Litoral brigou ponto a ponto pelas primeiras posições nos Abertos e terminou em quarto lugar, enquanto Santo André amargou a 12ª posição, à frente apenas de Ribeirão Preto e Presidente Prudente, 13º e 14º colocados, respectivamente.

Mais grave ainda é perceber que o Orçamento total de Santos é de apenas R$ 1,3 bilhão, ou seja, exatamente a metade do que Santo André tem à disposição.

Procurada pelo Diário durante a semana, a Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo não se manifestou para comentar o assunto.

Cidade tem pior desempenho do século

O desempenho de Santo André nos Jogos Abertos do Interior de 2011, em Mogi das Cruzes, foi o pior dos últimos dez anos na Primeira Divisão. A 12ª colocação só não foi mais dramática porque não existe rebaixamento na Olimpíada Caipira. As 14 vagas para a temporada 2012 serão preenchidas de acordo com a campanha nos Jogos Regionais.

Coincidência ou não, o segundo pior resultado do século também foi obtido na gestão do prefeito Aidan Ravin (PTB). Em 2009, em São Caetano, o município derrapou e não conseguiu passar do modesto nono lugar.

Em 2010, por conta de erros bisonhos que culminaram com o humilhante rebaixamento nos Jogos Regionais (leia mais abaixo), a cidade foi obrigada a disputa da Segunda Divisão, quando conquistou o vice-campeonato.

Nos outros anos, Santo André sempre figurou na parte de cima da tabela e incomodou os líderes. Em cinco temporadas, a cidade terminou a disputa na quinta posição (2001, 2002, 2004, 2006 e 2007). Ainda teve um sexto lugar obtido em 2005 e um sétimo, em 2003.

História é manchada com queda nos Regionais

A falta de interesse da Prefeitura no esporte ocasionou mancha que dificilmente será apagada. Em 2010, Santo André, berço do esporte olímpico, sentiu o amargo gosto de ser rebaixado para a Segunda Divisão dos Jogos Regionais, deixando envergonhada a geração de esportistas que, durante vários anos, construiu a vitoriosa história do município.

A humilhante queda foi consumada após sequência incrível de erros e desorganização. Almir Padalino, diretor de Esportes da Prefeitura, optou por tirar férias nos Estados Unidos, justo na semana em que seria iniciada a competição, deixando a responsabilidade na mão de assessores.

Para piorar, em atitude que surpreendeu até os organizadores, Santo André optou por não manter os atletas alojados no Guarujá, cidade que sediou os Regionais daquele ano. Assim, as equipe enfrentavam viagens desgastantes e desnecessárias antes de cada partida, o que certamente influenciou negativamente nos resultados.

O pior, no entanto, ficou para o último dia de competição. Na beira do abismo, Santo André contava com o ouro no futebol sub-21 para se manter na elite. O ônibus que levava a delegação, porém, quebrou no meio do caminho e o time não conseguir chegar a tempo, sendo derrotado pelo Santos por WO, ficando com a prata.

A situação só não foi ainda mais constrangedora por conta de virada de mesa. O município foi convidado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo para sediar os Jogos Regionais em 2011, fazendo com que retornasse à Primeira Divisão por baixo dos panos.

Os erros, no entanto, persistiram. Padalino, mais uma vez se ausentou no início da competição e a cidade contou com várias equipes amadoras. Desta vez, porém, não teve problemas com alojamento e conseguiu se manter na elite.

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC

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