terça-feira, 20 de setembro de 2011

CDHU despeja famílias e Aidan lava as mãos

A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) realizou a reintegração de posse de 111 imóveis no Jardim Santo André, em Santo André, na manhã desta terça-feira (20/09). A rua dos Missionários e rua Dominicanos, locais onde ocorreu o despejo, foram classificadas pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) como áreas de alto risco de deslizamento.

Cerca de 200 homens da polícia militar estiveram no local para garantir que a liminar de reintegração, expedida pela juíza Luciana Biagio Laquimia, da 6ª Vara Civil, fosse cumprida. O corpo de bombeiros, ambulâncias, agentes de trânsito, além de helicóptero da Polícia Militar participaram da ação. Agentes de assistência social da prefeitura, que deveriam acompanhar os despejos, não compareceram.

Muitas famílias que sofreram o despejo ainda não tinham destino certo nesta manhã, e embora muito abaladas, não houve resistência. A CDHU ofereceu auxílio-moradia para as famílias, que pode variar entre R$ 280 e R$ 380. A companhia não soube precisar quantas famílias aderiram ao aluguel social.
Valor baixo - Todas as famílias que conversaram com a reportagem do ABCD Maior no local da reintegração afirmam não conseguir utilizar o benefício. De acordo com os moradores, o valor é muito baixo e os locatários colocam uma série de obstáculos, como não alugar para famílias que possuem crianças, animais, ou mesmo um grande número de pessoas.

Josué Ribeiro Petrollo, 47 anos, mora com a esposa, que possui deficiência mental, há mais de 20 anos na rua dos Missionários. A casa foi herdada do pai, e desempregado, tem como única fonte de sustento da casa os benefícios do Bolsa Família. O oficial de justiça chegou na casa de Josué por volta das 9h, enquanto ainda recolhia as roupas do varal.

“Eu sabia que um dia teria que sair daqui. Mas apenas uma vez um funcionário da CDHU esteve na minha casa. Ninguém sabia ao certo quando isso ia acontecer. Minha família não tem onde dormir, não sei para onde vão as minhas coisas. Estamos sendo tratados feito bichos”, afirmou o agora ex-morador do Jardim Santo André.

Além de imóveis particulares, a reintegração retirou também pontos comercias. As mercadorias do mini-mercado do comerciante Antônio Gomes, 45 anos, foram vendidas para uma outra loja, e eram retiradas também pela manhã. “Perdi o prédio do mercado, que eu ergui, e a minha profissão. Não faço ideia do que vou fazer. Tinha seis funcionários que agora estão desempregados. De tudo isso ninguém vai fazer a conta.”

Os moradores que ainda não tinham destino tiveram de deixar os móveis serem levados para dois galpões fornecidos pela CDHU, ambos na Capital. Os custos para retirar os móveis terão de ser arcados pelos próprios moradores.

Protesto – No final da tarde de segunda-feira, por volta de 17h20, cerca de 300 pessoas ocuparam as duas pistas da estrada do Pedroso para realizar um protesto contra a reintegração de posse. A via foi interditada por aproximadamente uma hora, tempo em que pneus foram colocados no meio das pistas e incendiados. Bombeiros foram acionados e conseguiram apagar o fogo. As pistas foram liberadas por volta das 18h30.

Entrevistatoledana

http://abcdmaior.com.br

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