quarta-feira, 18 de abril de 2012

Secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação é acusado de pertencer à quadrilha

Fujão de "Entrevista Indesejada", desta revista digital, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Santo André, Frederico Muraro Filho, está sob suspeita de ter feito na Administração Ravin o que um executivo público precisa evitar, ou seja, beneficiar-se do cargo, prevaricar.

O advogado Calixto Antonio Júnior, denunciante do esquema de propinas no Semasa, caso que a cada dia ganha contornos mais graves, fez sérias acusações a Frederico Muraro durante depoimento na semana passada à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Legislativo de Santo André.

Como o prefeito é mais importante à hierarquia informativa, Frederico Muraro Filho acabou beneficiado pelos critérios de prioridade da mídia. Mas estão lá as declarações de Calixto Antonio.  Muraro era uma das pontas do prefeito Aidan Ravin nas resoluções burocráticas nada ortodoxas. Em tradução popular, é membro da quadrilha, como Calixto Antonio Júnior qualifica os agentes públicos que atuaram no Semasa, a autarquia de água e meio ambiente de Santo André.

Fosse um executivo qualquer da Prefeitura de Santo André, Frederico Muraro Filho já mereceria cuidados especiais nas investigações. Como, além de secretário municipal de setor importantíssimo, porque mexe com o mercado imobiliário tão comoventemente altruísta, também é o titular do Conselho Municipal de Políticas Urbanas, que, em última instância, esquadrinha o uso e a ocupação do solo da cidade, alcança prioridade nas investigações.

O Plano Diretor aprovado no apagar das luzes do ano passado, sem acompanhamento de especialistas isentos e sem ter dado publicidade à Imprensa, é objeto de suspeição total. Deveria ter meticulosamente reenquadrado sob conceitos de moralidade e ética. É muito pouco provável que tenha tido esses condimentos ante o mar de esgoto exposto nestes dias em Santo André e o grau de servilismo de boa parte dos demais membros daquela instância.

Fuga de entrevista

Aos leitores desatentos lembramos que Frederico Muraro foi escolhido recentemente para responder à "Entrevista Indesejada" desta revista digital. Arrogante, preferiu o silêncio, como todos os demais que o antecederam e se comportaram igualmente avessos ao confronto de ideias e informações. Escrevemos em 7 de fevereiro último: "Apesar de todas as tentativas, inclusive com remessa de material pelos Correios, Frederico Muraro Filho não se manifestou. Tudo dentro do figurino esperado por CapitalSocial.

O projeto Cidade Pirelli é bastante incômodo para o secretário da Administração Aidan Ravin. Ex-executivo da Pirelli durante quase quatro décadas e titular de Desenvolvimento e Habitação, Frederico Muraro Filho é um caso típico de conflito de interesses. Ou seja: ele deveria se manifestar impedido de participar de qualquer iniciativa que culminasse na apreciação de projeto que ocupasse a área da projetada e fracassada Cidade Pirelli".

Situação dramática

O grau de corrupção denunciado por ex-executivos e ex-assessores do Semasa coloca a Administração Aidan Ravin à beira do caos. Apertam-se os cintos de investigações policiais e legislativas. Apenas o Ministério Público mantém-se em silêncio incompreensível. Basta apertar um pouco mais o cerco para que as estripulias denunciadas se materializem de alguma forma substancial porque foram tantas as lambanças que é praticamente impossível desaparecer com provas.

As notícias de hoje dão conta de que Calixto Antonio Júnior já agendou para a semana que vem a apresentação de gravações e documentos que liquidariam com as barricadas desclassificatórias das denúncias, instalando-as, portanto, em zona de credibilidade intocável. Talvez esse novo prazo não fosse necessário, já que o denunciante enfatiza as irregularidades com convicção. Possivelmente Calixto Antonio seja adepto de sangramento contínuo. Estaria fatiando a Administração Aidan Ravin com requintes de crueldade. Só falta salgá-la.

Se tudo convergir para a demonstração e o desmonte do esquema de arrecadação clandestina instalado no Semasa num trecho da vida econômica de Santo André e do País em que o mercado imobiliário deu saltos quânticos de produção e venda, não restará saída aos membros do Conselho Municipal de Políticas Urbanas presidido por Frederico Muraro Filho senão mobilizarem-se para reestudar detalhadamente o que foi aprovado no final do ano, porque todo o conjunto de decisões estaria sob suspeita.

Seria isso possível? Tenho minhas dúvidas. Os integrantes do Conselho Municipal tinham conhecimento das inconformidades no comando da Secretaria comandada por Frederico Muraro Filho e não moveram uma peça crítica sequer para impor critérios de transparência às decisões.

Sociedade interesseira

Uma possibilidade de que o Plano Diretor de Santo André seja revisto sob cuidados extremos é a mobilização da sociedade. Mas quem acredita nisso? As instâncias sociais da Província de Santo André, Acisa, Ciesp, OAB e tantas outras, seguem absolutamente inertes. Assistem de camarote o desmoronar da Administração Aidan Ravin. Provavelmente só demonstrarão algum interesse efetivo quando a vaca do atual prefeito estiver inexoravelmente no brejo. Aí será mais seguro aliar-se às forças denunciatórias num engajamento mais que manjado, ou seja, de correr em direção aos vencedores com a segurança de que só terão a ganhar. A omissão de sociedade de Santo André, pessimamente representada por entidades de classe, é tão grave quanto as estripulias na Prefeitura porque deixa um vazio imenso a incentivar novas empreitadas delituosas e mais bem organizadas, a salvo, portanto, de denunciantes.

http://www.capitalsocial.com.br/

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