quinta-feira, 26 de abril de 2012

Calixto apresenta prova de sua indicação por Aidan


Em depoimento ontem à Polícia Civil, o advogado Calixto Antônio Júnior reafirmou a existência de possível esquema de propina no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Antecipando a oitiva marcada para hoje, ele apresentou documento interno da autarquia, no qual prova que sua indicação foi feita pelo prefeito Aidan Ravin (PTB).

Na certidão consta que o advogado entrou no Semasa para intermediar a liberação de pagamentos a fornecedores. Ele fez o trabalho por oito meses, sem ser funcionário público, com contrato verbal com o prefeito, segundo ele.



Timbrado, assinado e carimbado pelo diretor financeiro da autarquia, Nelson de Freitas, o comunicado informa que a partir do dia 8 de novembro, após receber ligação telefônica do gabinete do prefeito, realizada por Antônio Feijó, fica estabelecido que "os pagamentos seriam liberados pelo Dr. Calixto por determinação do prefeito Aidan". Feijó é assessor do Gabinete de Aidan e presidente do DEM local.
Com o rompimento político entre Aidan e o então secretário de Gabinete Nilson Bonome (PMDB), o prefeito ordenou, segundo Calixto, a paralisação de pagamentos para tomar ciência dos andamentos da relação do Paço com as empresas. E o contatou para fazer a análise dos documentos. Por conta disso, o Semasa iniciou auditoria nos contratos.

O documento apresentado por Calixto com a deliberação de Aidan é parte integrante do processo administrativo número 5.463/11.

O delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito criminal, avaliou que o depoimento foi "bastante comprometedor, com informações contundentes" para o aprofundamento das investigações. "É óbvio que iremos apurar tudo, pois ele (Calixto) apresentou documentação significativa de que realmente atuava no Semasa a mando do prefeito (Aidan). O vínculo agora fica claro", disse, ao considerar que de início "há irregularidade na prestação do serviço ao órgão". "Era imprescindível ser precedido por ato jurídico que legitime o trabalho."

De acordo com Bessa, provas efetivas de pagamento ou recebimento de dinheiro de corrupção não ficaram materializadas, só que Calixto demonstrou o caminho. "Estamos apurando e chegando às autorias, buscando eventualmente os responsáveis pelo sistema, inclusive, envolvendo outras áreas da Prefeitura, como Obras e Habitação, tudo voltado aos grandes empreendimentos." O próximo a ser convocado será Nelson de Freitas. "Se ele negar (ter escrito à mão) vou pedir exame grafotécnico."

Abrindo suas contas, Calixto afirmou que passou diversos indícios para a investigação da suposta quadrilha, mostrando documentalmente, no mínimo, improbidade administrativa. Segundo ele, novas provas serão apresentadas oportunamente.

A Prefeitura ratificou que Aidan ou Feijó nunca fez tal pedido de intermediação e irá apurar o documento. Segundo o Paço, o prefeito não interferiu em nenhum processo no Semasa, respeitando a sua autonomia. O Semasa, por sua vez, informou que só irá se posicionar depois de ter conhecimento da íntegra do depoimento e teor do documento.

Voltarelli e empresário não comparecem em depoimento

O ex-funcionário do Semasa Eugênio Voltarelli Júnior, braço-direito do superintendente Ângelo Pavin, e o representante da empresa Zenit, Ronaldo Virgílio Pereira, não compareceram em depoimento ontem à Polícia Civil. Voltarelli foi convocado, segundo a ação, por atuar diariamente na autarquia, mesmo após sua exoneração e Ronaldo é citado pelo denunciante e ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi como um dos extorquidos no processo.

Voltarelli justificou, por meio de advogado, que estava impossibilitado ontem de prestar depoimento na delegacia. Por conta disso, a oitiva foi transferida para a próxima semana, assim como o do empresário. O braço-direito de Pavin era filiado ao PMDB e, temporariamente, chegou a assumir a comissão provisória do partido em São Caetano, à época encabeçada pelo superintendente.

O ex-funcionário da autarquia Ari Sarzedas, chamado de despachante por suposto tráfico de influência, tem depoimento marcado para hoje. A advogada e representante da empresa Fratta, Rosa Ramos, outra citada como extorquida, deverá depor amanhã.



Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC



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