Estúdio L.A. Filmagens e Eventos realizou shows de destaque, como a dos cantores Zé Gealdo, Renato Teixeira e Kid Vinil
A Prefeitura de Santo André contratou o Estúdio L.A. Filmagens e Eventos Ltda., que tem o endereço de um ferro velho, na avenida São Benedito, 181, bairro Jardim Santa Tereza, em Rio Grande da Serra. A empresa já foi responsável pela realização de shows de cantores famosos como Zé Geraldo, Renato Teixeira e Kid Vinil. De 2010 até agora, saíram dos cofres público R$ 112,5 mil, sendo R$ 9,5 mil em 2010, R$ 109,7 mil no ano passado e R$ 2,8 mil em 2012.
A reportagem do ABCD MAIOR esteve no endereço da empresa nesta sexta-feira (13/04) e verificou que o local serve de depósito de produtos para reciclagem. O dono do ferro velho, que se identificou como Everaldo, disse que está no local há 12 anos, pega as correspondências que chegam para a empresa e entrega no contador. Ele afirmou conhecer o diretor do Estúdio L.A e disse que tinha conhecimento de que o endereço seria colocado no cadastro da Receita Federal. “Ele não conseguiria o alvará lá em Santo André”, disse Everaldo, sem esclarecer os motivos.
Everaldo ficou assustado com a presença da equipe de reportagem e, ao ser questionado sobre o contato do proprietário da empresa, preferiu telefonar para o contador.
Embaraçado com a situação, o dono do ferro velho colocou esse profissional em contato com a equipe de reportagem, pelo telefone. O contador se identificou como Mário. Após indagado, disse que, naquele momento, não saberia informar o nome do dono do Estúdio. “Acho que ele está viajando”, desconversou. Mário ficou com o contato telefônico do ABCD MAIOR para transmitir ao Estúdio L.A.
Duas horas depois, o dono da empresa, telefonou para o jornal e se identificou como Leopoldo Anunciato. O empresário admitiu que precisa trocar o endereço de sua empresa na receita Federal.
Ele disse que seu escritório fica na rua Itapura, 69, na Vila Guiomar, em Santo André. Anunciato informou que já morou em Rio Grande da Serra e sua família ainda reside naquele município. “Preciso fazer a alteração”, disse.
De acordo com o empresário, a negociação dos shows é feita pelos próprios artistas junto à Prefeitura e sua empresa só é acionada quando começam os trâmites burocráticos com relação aos contratos. “Artista não sabe fazer esse tipo de coisa”, ressaltou.
Anunciato disse que seu contato na Secretaria de Cultura da Prefeitura de Santo André é com os técnicos. “Sou apenas o intermediário e ganho 5% do valor do contrato”. Ele disse que a Prefeitura faz o pagamento para a sua empresa, que por sua vez repassa para os artistas contratados.
Supresa - A Prefeitura de Santo André se disse supreendida com a informação. "Todos os serviços contratados em nossa gestão através dessa empresa foram prestados a contento. Informamos que a empresa apresentou toda a documentação necessária e exigida para a sua contratação. Consideramos essa documentação, conferida e atestada pela Receita Federal e Secretaria da Fazenda através da JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo), como verídica e confiável. Também informamos que, segundo o Contrato Social da empresa, houve uma mudança de endereço em 14 de abril de 2010”, informou a nota.
De acordo com a Prefeitura, não existe nenhum contrato em vigor atualmente com esta empresa. “Porém, diante dos levantamentos, até explicação, suspenderemos futuras contratações.”
Secretaria da Cultura já enfrentou CPI na Câmara
Não é a primeira vez que a Secretaria de Cultura de Santo André se envolve em polêmicas. No ano passado, houve até abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara para apurar a contratação de artistas e palhaços. O contrato entre a Prefeitura e a empresa Produz envolveu mais de R$ 1 milhão.
A CPI, que acabou em pizza, investigou superfaturamento. O autor da denúncia, vereador Tiago Nogueira (PT), disse, na ocasião, que um dos palhaços contratados (Rabanete) declarou na imprensa ter recebido R$ 200 pela apresentação em Santo André, mas a Prefeitura pagou à Produz R$ 4 mil por esse show.
O parlamentar acusou o governo do prefeito Aidan Ravin de fazer sublocação, ou seja, contratar outras empresas que têm os direitos exclusivos sobre os artistas.
Também foram investigadas relações entre a empresa e integrantes do Governo Aidan. O primo do secretário de Cultura, Edson Salvo, era o contato administrativo do site da empresa (produzeventos.net). Pelo Twitter, o próprio dono da Produz, Thiago Pinheiro Augusto, revelou ter almoçado com Edson Salvo, no restaurante Subway de Santo André, em 22 de junho de 2010, além de ter viajado com o primo do secretário para jogar em um Cassino, na Argentina, em dezembro de 2010.
Além de Marcos da Farmácia, outros três governistas integraram a CPI enterrada: Evilásio Santana, o Bahia (DEM), Sargento Geraldo Juliano (PMDB) e Gilberto do Primavera (PTB). Só Tiago Nogueira era da oposição.
Depois das polêmicas, o contrato foi rescindido. A substituta da Produz foi a Branco Eventos Ltda ME. Em pouco tempo de contratada, a empresa recebeu R$ 415 mil em 2011, também no esquema de representante de artistas, mas no Portal da Transparência, não aparece todo o serviço executado.
Por: Gislayne Jacinto Jornal ABCD Maior
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