terça-feira, 17 de abril de 2012

Aidan Ravin manda base alienada por fim à CPI da Corrupção no Semasa

O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), determinou aos vereadores governistas que enterrem a CPI do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que investiga o suposto esquema de venda de licenças ambientais praticado na autarquia. O pedido foi feito ontem pela manhã, em reunião a portas fechadas no gabinete do petebista, no Paço.
Aidan foi a favor da abertura da CPI, no dia 8 de março, para mostrar lisura e transparëncia. Mas a situação ficou fora de controle com depoimentos que confirmaram o esquema. O prefeito ficou preocupado. Por conta disso, requisitou aos situacionistas que não estendam o prazo da apuração e que evitem a convocação de personagens que possam adicionar depoimentos ainda mais explosivos ao caso. O regimento interno da Câmara prevê que a CPI tenha duração de 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo período. O primeiro limite se encerra no dia 23.
O grande temor do prefeito é perder o PSDB para o projeto de reeleição em outubro. Antes da abertura da CPI, Aidan oficializara diálogo para contar com os tucanos em seu arco de alianças e discutia-se até ceder a vice em sua chapa para amarrar o partido. Contudo, os andamentos das investigações no Legislativo chegaram aos ouvidos do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que quer evitar atrelar o tucanato a suspeitas de corrupção.
Alckmin avisou que a conclusão da CPI do Semasa será fundamental para a costura do acordo eleitoral em Santo André. Depoimentos envolvendo Aidan à suposta prática no Semasa distanciaram o PSDB da órbita petebista e encorparam a pré-candidatura do vereador Paulinho Serra (PSDB) à Prefeitura.
A determinação de Aidan foi realizar somente as duas oitivas já convocadas. A primeira será com empresários da Brookfield, empresa que retomou o projeto Cidade Pirelli. O empreendimento foi citado pelo advogado Calixto Antônio Júnior, apontado como um dos mentores do esquema delatado pelo ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi - os outros dois seriam Ângelo Pavin (PMDB) e Dovilio Ferrari Filho, superintendente e adjunto do Semasa. O segundo depoimento deve ser de Rosa Ramos, representante jurídica da construtora Fratta, uma das empresas extorquidas, segundo Tokuzumi.
O encontro pela manhã contou com as presenças dos vereadores Donizeti Pereira (PV), presidente da CPI, Toninho de Jesus (DEM), relator, e Almir Cicote (PSB) - eles negaram a reunião com o prefeito.
No entanto, a prorrogação da CPI já foi discutida entre os vereadores. Donizeti confirmou que até há pedido no departamento jurídico da Casa para saber qual o último dia de atividades da comissão. "Não sabemos se o prazo começa a contar a partir da instauração da CPI ou da publicação oficial. Há uma diferença de cinco dias, que pode fazer diferença nos trabalhos."
Cicote admitiu que, para dinamizar a atividade da CPI, é possível que o grupo acolha depoimentos feitos à Polícia Civil - que, junto com o Ministério Público, investiga o caso. "Daria tempo para nos concentrarmos em outros focos de apuração."
Integrante da comissão diz que atual diretor confirma prática
Integrante da CPI do Semasa, o vereador Marcelo Chehade (PSDB) afirmou que o atual diretor de Gestão Ambiental da autarquia, Márcio Moreno, confirmou a existência do esquema de venda de licenças ambientais no município. Moreno substituiu Roberto Tokuzumi, exonerado dias depois de relatar a suposta prática de extorsão na autarquia.
Ontem, Chehade, Donizeti Pereira e Toninho de Jesus estiveram na sede do Semasa para fazer varreduras nos documentos, como parte da investigação feita pela Câmara. Segundo o tucano, Moreno afiançou que há processos paralisados nas mesas de Ângelo Pavin (PMDB) e Dovilio Ferrari Filho, superintendente e adjunto da autarquia, e que os depoimentos de Tokuzumi e Calixto Antônio Júnior eram verdadeiros. Eles afirmaram que a orientação era brecar os pedidos antes da assinatura de Pavin para contatar empresários e cobrar ‘taxa' para liberação.
"Ele (Moreno) me disse, extraoficialmente, que o esquema existe, que há documentos travados no Semasa. E garantiu que falou à Polícia Civil (que também investiga o caso), em depoimento", revelou Chehade.
O delegado Gilmar Camargo Bessa, que lidera as investigações, negou que Moreno tenha confirmado a prática. "Ele afirmou desconhecer qualquer esquema de propina ou de extorsão."
 ACAREAÇÃO
A defesa de Calixto Antônio Júnior, que confirmou a existência do sistema de venda de licenças ambientais em depoimento no Legislativo, vai pedir à CPI acareação entre o prefeito Aidan Ravin, o ex-secretário de Gabinete de Santo André Nilson Bonome (PMDB) e Tokuzumi. De acordo com Eder Xavier, advogado de Calixto, a requisição será encaminhada a Donizeti Pereira.

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC

Nenhum comentário:

Postar um comentário