terça-feira, 17 de abril de 2012

Calixto pede acareação para desmentir prefeito Aidan

O advogado Calixto Antônio Júnior vai protocolar nesta terça-feira (17), por meio de sua defesa, o pedido de acareação entre ele, o prefeito Aidan Ravin (PTB), o ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi e o ex-homem forte do governo Nilson Bonome (PMDB) para elucidar os fatos que envolvem a denúncia de um suposto esquema de propina para liberação de licença ambiental no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

“Meu cliente pretende verificar se ele é desonesto. Ele quer lavar a honra”, disse o advogado de defesa de Calixto, Eder Xavier. Ele deverá efetuar o protocolo junto ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) – instalada na Câmara para investigar a denúncia – Donizeti Pereira (PV).

Os nomes acima citados foram mencionados nas oitivas feitas até então pela CPI. A denúncia, feita em meados do mês passado por Tokuzumi, relata uma suposta extorsão, na qual Calixto seria o responsável pelo “freio” na tramitação das licenças, no intuito de cobrar financeiramente os empresários para ter agilidade no procedimento.


Tokuzumi, demitido do cargo dias após a denúncia, sustenta ainda que o atual superintendente Angelo Pavin e o adjunto Dovilio Ferrari Filho integravam o esquema. No depoimento mais erosivo, Calixto disse que o prefeito também participava da empreitada ao nomeá-lo para “ser o cara” responsável pelo andamento das licenças.

Oficialmente, Calixto não possui cargo na autarquia, mesmo com expediente no local. Bonome foi citado por Calixto como alguém que também teria se beneficiado pelo esquema.

Curiosamente, o pedido de acareação não citará o nome de Pavin, pessoa tida nos bastidores como próxima de Calixto. A acareação, segundo o advogado, deveria ocorrer preferencialmente até a próxima quinta, data prevista para o depoimento de Calixto na Polícia Civil que, junto com o Ministério Público, também investiga o assunto.

Interpelação

Paralelamente, Eder Xavier irá protocolar no gabinete do prefeito, uma interpelação extra-judicial com questionamentos ao mandatário sobre a eventual ligação dele com Calixto. “Se o Calixto não tinha cargo no Semasa, como ele dava expediente lá? Quantas vezes o prefeito almoçou com ele em restaurantes e padarias da cidade? O prefeito o contratou para avaliar todos os procedimentos no Semasa? Se o prefeito não o contratou e o Calixto não era funcionário, como ele tinha cópias de procedimentos de autorização de licenças ambientais?”, citou, referindo-se às indagações que constarão no documento. Ainda segundo Xavier, Calixto “irá autorizar a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal e irá propor o mesmo ao prefeito”.

Visita

A estadia in loco dos integrantes da CPI no Semasa não detectou irregularidades na tramitação dos documentos, como denunciou o ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi. Três dos cinco vereadores (Donizeti Pereira, Marcelo Chehade e Toninho de Jesus) ficaram duas horas e meia nesta segunda-feira (16) na companhia de técnicos da autarquia verificando o curso das licenças na tramitação da atual gestão e também da administração passada.

O superintendente Angelo Pavin e o seu adjunto Dovílio Ferrari Filho, que já foram ouvidos pela CPI, não participaram da conversa com os vereadores. O encontro também não contou com a presença da imprensa.

Segundo o presidente da CPI, vereador Donizeti Pereira (PV), não houve constatação de irregularidade ou prazo dilatado que corroborassem com o objeto da denúncia. “Olhando in loco não encontramos nada que pudesse, no primeiro momento, chamar a nossa atenção. Têm processos de grandes empreendimentos que passaram muito rapidamente pela mesa do superintendente ou do próprio diretor de gestão ambiental como existem processos de pequenos empreendimentos que ficaram mais período. Não existe nada tecnicamente que demonstre irregularidade”, disse.

Outro lado

Único integrante da oposição na Comissão Parlamentar, José Montoro Filho, o Montorinho (PT), não compareceu à autarquia. “Eu tinha uma consulta médica agendada. Mas não precisa ter uma agenda específica para ir lá. A partir desta quarta, eu irei periodicamente ao Semasa verificar os procedimentos”, disse, criticando a declaração de Pereira. “Ele foi precipitado e não conhece o procedimento do projeto. Eu já fui lá junto com arquiteto. Já pude constatar, por exemplo, que a Pirelli não tem laudo de instalação”, emendou em tom de alerta.

Agenda

Nesta quarta-feira (18), um representante da empresa Brookfield prestará depoimento na CPI, às 10h. a investigação, é bom lembrar, ocorre paralelamente no Ministério Público e na Polícia Civil. Na quinta, dois depoimentos agendados na Seccional prometem ser o divisor de águas da varredura.

Leandro Amaral Repórter Diário

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