quarta-feira, 11 de abril de 2012

Advogado prepara artilharia para liquidar com chefe da quadrilha

Se não voltar atrás por conta de pressões multilaterais, de gente que se sente ameaçadíssima com bombásticas revelações, o advogado Calixto Antonio Júnior vai botar mais fogo no paiol da Administração Aidan Ravin. Tudo na esteira do escândalo do Semasa, a autarquia superpoderosa e supermilionária da Prefeitura de Santo André que tem o poder supremo de dar ritmo ao mercado imobiliário e de também abastecer campanhas eleitorais.

O que Calixto Antonio declarou à CPI da Câmara Legislativa de Santo André não seria fruto de suposto e desclassificatório desequilíbrio vernacular e mental, como apregoam os atingidos. Ele estaria com a cartucheira de provas forradíssima de material comprometedor, amealhado com o vagar e o cuidado de quem é cético em relação a lealdades espontâneas. Calixto Antonio é muito mais astuto do que sugere o ar bonachão. Aliás, o ar bonachão lhe dá grande vantagem neste mundo em que estereótipos são levados a sério demais.


Sabe-se que o que não falta na praça da Província de Santo André é gente se coçando como pode, perdendo noites de sono. Mesmo se não contasse com qualquer prova material, a interpretação sobre a manifestação de Calixto Antonio já inquietaria. O cruzamento de informações e depoimentos, que reunirá outros executivos do Semasa, permitiria revestir as declarações de veracidade e legitimidade. Se Calixto Antonio contar sobressalentemente com gravações e documentos, então, a vaca que já está indo para o brejo da desmoralização administrativa em Santo André não resistiria às tentativas de resgate.

Esperando documentação

Ainda estou à espera de documentos oficiais que reproduzem com fidelidade o depoimento de Calixto Antonio na última segunda-feira na Câmara Legislativa de Santo André. Ouvi várias fontes que presenciaram as declarações do advogado e todas convergiram para o mesmo perfil de destruição em massa de reputações políticas. Os dois jornalistas presentes -- um do Diário do Grande ABC e um do Diário Regional -- não reproduziram nem um tiquinho do conjunto da obra de Calixto Antonio -- garantem minhas fontes. É possível, para não dizer provável, que forças estranhas entre a reportagem propriamente dita e a edição, tenham se interposto a abrandar os estragos. Faz parte do jogo editorial, como se sabe.

Os vácuos informativos dão fôlego a empreitadas que se efetivaram e continuam a se efetivar para convencer o advogado a reduzir a carga pesada de denúncias. Há mobilizações nesse sentido nos últimos dias, mas ao que parece, as missões que partem de várias bases estremecidas não estão conseguindo demover aquele profissional. Quem conhece o perfil de Calixto Antonio apostaria que o que ainda viria tem o formato de uma Maria-Fumaça desgovernada, mas é de fato um trem-bala que perdeu os freios. Maria-Fumaça está fora de moda, não tem arcabouço tecnológico. Trem-bala é outra coisa. Muito mais impactante.

O alvo principal do advogado Calixto Antonio é a Administração Aidan Ravin, à qual garante ter contribuído para a vitória eleitoral de 2008, quando poucos apostavam naquele médico de periferia com apenas um mandato de vereador no currículo. A centralidade em Aidan Ravin não exclui poderosos que atuaram no entorno do Paço Municipal. Inclusive o comandante daquele prédio bem em frente. Mais propriamente no sexto andar da Rua Catequese.

Estou me referindo a Ronan Maria Pinto, alvo equivocado de Calixto Antonio quando se refere ao caso Celso Daniel. Não só equivocado como contaminador da consistência das demais informações, eventualmente mais robustas e comprováveis. Daí, nada melhor que Calixto Antonio focar denúncias no que de fato interessa -- o escândalo das licenças ambientais para a farra do mercado imobiliário e das campanhas eleitorais.

Resta saber até que ponto Calixto Antonio não vai dar um jeito de atenuar as denúncias, impermeabilizando alguns alvos naturais. Aposta-se vigorosamente que não o fará, que vai para o tudo ou nada, que está documentadíssimo, que vai botar para quebrar, que não vai ficar pedra sobre pedra, que o cheiro da brilhantina vai se espalhar pelo Paço Municipal e redondezas, que não tem choro nem vela, muito menos fita amarela, que tudo vai para os ares. Será?

Fonte: DANIEL LIMA - http://www.capitalsocial.com.br/

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