segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ministério Público vai em frente na apuração do assalto ao carro pagador

Foto: Ilustração porque a verdadeira está em posse dos ladrões

A Administração de Aidan Ravin parece ter combinado com o Ministério Público que não deixará de entregar de bandeja a cabeça do secretário de Obras, Alberto Casalinho, aparentemente oferecida como única saída possível para livrar-se de males maiores do incidente do assalto ao carro pagador. Resta saber se a própria gestão petebista não irá por água abaixo.
Essa é a leitura irônica que posso oferecer aos leitores após acompanhar os lances desse que é um caso que começa a ultrapassar a linha de conforto do petebista. A gestão de Aidan Ravin é insuficientemente preparada para apagar incêndios. Mais que isso: é totalmente insuperável em botar fogo no próprio paiol.

O acompanhamento do assalto ao carro pagador pelo jornal ABCD Maior é uma cronologia de eficiência informativa que outras publicações impressas ou digitais não conseguem desenvolver. O promotor criminal Roberto Wider está chegando a determinados pontos que não deixam margem a dúvidas: pode provocar trombose no governo de Santo André.
A mais recente novidade do caso do assalto à mala de dinheiro do carro pagador é que o próprio presidente da Construtora São José dirigia o veículo Audi em 13 de junho deste ano, quando adentrou no estacionamento da SOSP (Secretaria de Obras e Serviços Públicos) de Santo André. Alberto Jorge Filho é o dono da construtora. Tudo está documentado no RO (Registro de Ocorrência) feito pelo Guarda Civil Municipal Vilmar de Souza, mais tarde transferido de local de trabalho.
Se o próprio dono da construtora estava ao volante do veículo que ingressou no estacionamento da secretaria, localizada em amplo prédio na Rua Catequese, fora portanto do Paço Municipal, nada indica que as informações que detenho, de que seriam R$ 400 mil e não R$ 70 mil os valores envolvidos, não correspondam à realidade. O dinheiro seria entregue ao secretário Alberto Casalinho.
As informações do ABCD Maior são do promotor criminal Roberto Wider. Para complicar a vida do empresário e também do secretário, duas escorregadelas seriam autocondenatórias: não se efetivou Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e o alto funcionário público de Santo André teria se dirigido ao estacionamento assim que foi comunicado sobre o assalto. O caso teria se mantido na informalidade não fosse notícia publicada mais tarde pelo jornal dos servidores públicos de Santo André.
Onde entra em campo a administração Aidan Ravin para favorecer as investigações do Ministério Público? Em tudo que já escrevi sobre o assunto, principalmente uma desastrada teoria defensiva do próprio prefeito, com características de zombaria à inteligência dos leitores do Diário do Grande ABC, publicação à qual recorreu para desqualificar o incidente, e também na mobilização mais que manjada de vereadores da base aliada, em sessão realizada na última semana.
Num jogo combinadíssimo na forma mas improvisadíssimo no conteúdo, vários parlamentares saíram em defesa do secretário de Obras com argumentos que provocaram contraditórios recheados de zombaria e desclassificação automática.
Relata a experiente Gislayne Jacinto, jornalista do ABCD Maior, que o ex-deputado e atual vereador Israel Zekcer, marido da vice-prefeita Dinah, confessou que existe uma movimentação do governo Aidan para salvar a honra do secretário Casalinho. Talvez nem precisasse ser tão explícito. A orquestração dos vereadores se deu com tamanho ímpeto que o silêncio generalizado das sessões anteriores ganhou a forma de linchamento oficial do secretário de Obras.
Interessante que os vereadores situacionistas só revelaram solidariedade depois que a batata do secretário começou a assar nas investigações do Ministério Público e, principalmente, depois que os respingos começaram a atingir os dois principais gabinetes do Paço Municipal, do prefeito Aidan Ravin e do supersecretário Nilson Bonome.
O vereador Jairinho do PT deu o tom de deboche quando Israel Zekcer sugeriu uma estátua ao secretário pela quantidade de obras em Santo André. Jairinho propôs que o monumento em homenagem ao secretário poderia contar com uma mala como adereço de mão. O local apontado é o número 780 da Avenida Industrial, endereço no qual se detectou que a Construtora São José, a mesma do empresário- motorista do assalto ao carro pagador, promovia a venda de apartamentos sem autorização da Prefeitura.
A ressalva do Paço Municipal à ilegalidade do lançamento imobiliário, apresentada após a denúncia do caso do secretário, teria azedado as relações entre o empresário e figuras do governo Aidan. Tratos de bastidores dariam conta de que a demora para a aprovação não impediria a venda de cotas de apartamentos, porque o boom imobiliário não pode esperar.
Voltando à sessão do Legislativo, para os oposicionistas que querem ver o circo de Aidan Ravin pegar fogo, a intervenção de Israel Zekcer foi um presente dos céus. Há expectativas de relacionar o assalto ao carro pagador a áreas nobres da administração petebista, não fato isolado. A iniciativa do experiente vereador em sair em defesa do secretário pode vincular tanto ele como a vice-prefeita a eventuais hemorragias administrativas do Paço Municipal. Hemorragias que se estenderiam ao Hospital Brasil, negociado recentemente pelos Zekcer com a rede carioca Copa D´Or.
Principalmente para a candidatura petista ao Paço Municipal no ano que vem, eventuais estilhaços que atinjam representantes da classe média tradicional de Santo André seriam mais que bem-vindos, porque ajudariam na fermentação de massa crítica para dividir esse nicho do eleitorado resistente a Carlos Grana, como o foi no passado a Celso Daniel.
É possível que haja ordem geral do núcleo estratégico da campanha de Carlos Grana para os petistas não se meterem na seara do Ministério Público. A ideia é deixar o promotor criminal cuidar do caso e, dessa forma, não fornecer aos situacionistas o argumento de que o assalto ao carro pagador virou peça pré-eleitoral, como, aliás, se ensaia de forma patética.

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