sábado, 10 de março de 2012

Governo Aidan persegue diretor que denunciou esquema de corrupção

Depois de confirmar denúncia de suposto esquema de corrupção dentro do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), o diretor do departamento de Gestão Ambiental, Roberto Tokuzumi, tem sofrido represália. No dia seguinte às declarações (segunda-feira), o computador do funcionário comissionado, mesmo em condições de uso, fora levado, "de repente", para manutenção. Quando voltou, na quarta-feira, as senhas de acesso estavam bloqueadas.

"Não consegui mais entrar nos arquivos. Nunca tinha acontecido e foi só no meu"/CS, disse o diretor.
No departamento há nove meses e quase três na administração Aidan Ravin (PTB), Tokuzumi acrescentou que o clima ficou pesado na autarquia diante das denúncias, que estão sob procedimento de investigação criminal no Ministério Público para apurar o eventual sistema de venda de licenças ambientais no Semasa. "Vejo a diretoria unida e todo mundo olhando torto. Se voltasse no tempo faria de novo, não me arrependo. Não estou prejudicando ninguém. Tinha o dever de proteger idoneidade do documento, dos agentes e convênio com a Cetesb."

Segundo a denúncia, o esquema consistiria em brecar a liberação da assinatura do superintendente, Ângelo Pavin, última etapa para obtenção da licença ambiental. Na representação, era o advogado Calixto Antônio Júnior quem procurava as empresas que aguardam o documento. O adjunto, Dovilio Ferrari Filho, também participaria do esquema, segurando o andamento dos pedidos de licença ambiental.

O MP recebeu dezenas de processos na fila. Em um dos casos, um representante revelou que ouviu de Calixto que o pagamento servia para "caixa de campanha". A liberação, segundo as acusações, saía por meio de cobranças a empresas, em média de R$ 300 mil.

Paralelamente à investigação do MP, a Polícia Civil também está na investigação. Tokuzumi recebeu ontem notificação da Seccional de Santo André o convocando para prestar esclarecimentos na segunda-feira. Ele promete ratificar todo o período que Calixto tentou "convencê-lo a participar do ato criminoso". "Fui chamado para fazer parte de esquema (de propina) no fim de outubro. O convencimento era de que seria bom para todo mundo."

A abertura de sindicância interna no Semasa, para o diretor, não terá efeito prático. Ele foi convidado para depor na quarta-feira, mas não compareceu. Segundo Tokuzumi, a apuração não culpará Pavin e Dovilio. "Não fui. O jurídico me chamou novamente hoje (ontem). Eles (governo) podem me exonerar se quiser. Não vou entrar nessa coisa", disse.

Tokuzumi alegou que demorou quatro meses para relatar o que sabia em razão de aguardar para obter elementos da suposta fraude - ele recebeu a "proposta em novembro". "Necessitava ter a confirmação da montagem do esquema, encabeçada pelo Dovilio. Mas agora chegou ao ponto de prejudicar o departamento, ficou impraticável, todo mundo comentando."

MANUTENÇÃO

Apesar de o diretor relatar que nunca seu computador foi para a manutenção e só o dele foi levado, a Prefeitura disse que o serviço é feito de dois em dois meses e que a troca de senha serve para garantir a segurança no acesso às informações do Semasa.

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