Depois de confirmar denúncia de suposto esquema de corrupção dentro do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), o diretor do departamento de Gestão Ambiental, Roberto Tokuzumi, tem sofrido represália. No dia seguinte às declarações (segunda-feira), o computador do funcionário comissionado, mesmo em condições de uso, fora levado, "de repente", para manutenção. Quando voltou, na quarta-feira, as senhas de acesso estavam bloqueadas.
"Não consegui mais entrar nos arquivos. Nunca tinha acontecido e foi só no meu"/CS, disse o diretor.
No departamento há nove meses e quase três na administração Aidan Ravin (PTB), Tokuzumi acrescentou que o clima ficou pesado na autarquia diante das denúncias, que estão sob procedimento de investigação criminal no Ministério Público para apurar o eventual sistema de venda de licenças ambientais no Semasa. "Vejo a diretoria unida e todo mundo olhando torto. Se voltasse no tempo faria de novo, não me arrependo. Não estou prejudicando ninguém. Tinha o dever de proteger idoneidade do documento, dos agentes e convênio com a Cetesb."
Segundo a denúncia, o esquema consistiria em brecar a liberação da assinatura do superintendente, Ângelo Pavin, última etapa para obtenção da licença ambiental. Na representação, era o advogado Calixto Antônio Júnior quem procurava as empresas que aguardam o documento. O adjunto, Dovilio Ferrari Filho, também participaria do esquema, segurando o andamento dos pedidos de licença ambiental.
O MP recebeu dezenas de processos na fila. Em um dos casos, um representante revelou que ouviu de Calixto que o pagamento servia para "caixa de campanha". A liberação, segundo as acusações, saía por meio de cobranças a empresas, em média de R$ 300 mil.
Paralelamente à investigação do MP, a Polícia Civil também está na investigação. Tokuzumi recebeu ontem notificação da Seccional de Santo André o convocando para prestar esclarecimentos na segunda-feira. Ele promete ratificar todo o período que Calixto tentou "convencê-lo a participar do ato criminoso". "Fui chamado para fazer parte de esquema (de propina) no fim de outubro. O convencimento era de que seria bom para todo mundo."
A abertura de sindicância interna no Semasa, para o diretor, não terá efeito prático. Ele foi convidado para depor na quarta-feira, mas não compareceu. Segundo Tokuzumi, a apuração não culpará Pavin e Dovilio. "Não fui. O jurídico me chamou novamente hoje (ontem). Eles (governo) podem me exonerar se quiser. Não vou entrar nessa coisa", disse.
Tokuzumi alegou que demorou quatro meses para relatar o que sabia em razão de aguardar para obter elementos da suposta fraude - ele recebeu a "proposta em novembro". "Necessitava ter a confirmação da montagem do esquema, encabeçada pelo Dovilio. Mas agora chegou ao ponto de prejudicar o departamento, ficou impraticável, todo mundo comentando."
MANUTENÇÃO
Apesar de o diretor relatar que nunca seu computador foi para a manutenção e só o dele foi levado, a Prefeitura disse que o serviço é feito de dois em dois meses e que a troca de senha serve para garantir a segurança no acesso às informações do Semasa.
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