terça-feira, 13 de março de 2012

Diretor ratifica esquema de corrupção no governo Aidan

O diretor do departamento de Gestão Ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Roberto Tokuzumi, confirmou ontem à polícia como funcionava o suposto esquema de extorsão na liberação de licenças ambientais dentro da autarquia.

Em depoimento na Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), que durou seis horas e ocupou 12 páginas, o funcionário comissionado da administração Aidan Ravin (PTB) detalhou o passo a passo do eventual crime de propina praticado para venda do documento.
Justificando ter diabetes e, por isso, debilitado pelo longo período na oitiva, Tokuzumi saiu do local, com seu advogado, sem falar com a imprensa. O diretor, segundo informações da Polícia Civil, aprofundou a denúncia, que também passa por procedimento de investigação criminal no Ministério Público. A seccional de Santo André instaurou inquérito para apurar o possível sistema que consistia em brecar a liberação da assinatura do superintendente, Ângelo Pavin.

Tokuzumi reafirmou que o superintendente adjunto, Dovilio Ferrari Filho, e o advogado Calixto Antônio Júnior - que atuava no Semasa, mas não era funcionário - eram, junto com Pavin, os mentores do esquema, retardando a liberação. Na representação apresentada ao MP, era Calixto quem fazia o contato com as empresas que aguardavam o documento. Em reunião no sexto andar do Semasa, onde fica a superintendência, representantes das companhias que tinham seus pedidos de licença parados eram avisados que o documento só sairia após pagamento de taxa que, em média, chegava a R$ 300 mil.

O delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito, declarou que, com a revelação especificada de Tokuzumi, a polícia vai organizar, a partir de agora, cronologia para ouvir todas as pessoas citadas no depoimento. Segundo ele, pela gravidade da denúncia, há determinação para esclarecer o caso o mais rápido possível. "Nosso papel passa a ser colher dados para materializar o suposto esquema. Foi-nos oferecido série de subsídios da situação de crime. Tem muita demanda para destrinchar", disse, ao acrescentar que a essência da oitiva não foi divulgada para "não macular provas".

São 30 dias de prazo para o término das investigações, prorrogáveis caso haja necessidade. "Fica na dependência da complexidade do caso. Esse episódio é considerado muito grave, portanto, acredito que possa demorar mais de um mês para averiguar a fundo essa suposta fraude", sustentou Bessa.

ANÁLISE

A comissão de assuntos relevantes da Câmara de Santo André, composta por cinco parlamentares, analisou ontem na sede do Semasa documentos referentes ao projeto Cidade Pirelli, sob execução da empresa Brookfield, no bairro Homero Thon. Para o vereador Paulinho Serra (PSDB), causou estranheza a liberação das três licenças emitidas ao empreendimento. "A data da liberação de dois documentos consta de 29 de fevereiro. Estivemos antes disso no espaço e a obra já estava a todo vapor."

CONVÊNIO

A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) informou que aguarda o desfecho da apuração para tomar as medidas cabíveis. A autarquia possui convênio com o Semasa, que faz o processo de emissão das licenças ambientais de média e simples complexidades no lugar da Cetesb.

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC

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