segunda-feira, 5 de março de 2012

Diretor confirma esquema de corrupção no governo Aidan

O suposto esquema de extorsão montado no sexto andar do prédio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), denúncia entregue ao Ministério Público e revelada com exclusividade ontem pelo Diário, ocorre desde o segundo semestre do ano passado.

Quem garante é o diretor de gestão ambiental da autarquia, Roberto Tokuzumi, responsável pela última assinatura antes da chegada do documento à mesa do superintendente-adjunto, Dovilio Ferrari Filho.
Tokuzumi é citado como denunciante na representação entregue à promotoria. Procurado ontem pela equipe do Diário, ele confirmou que sabe da existência da fraude, mas que negou-se a participar do esquema, mesmo após pressão de Dovilio e do advogado Calixto Antônio Júnior, considerado, ainda segundo a denúncia enviada ao MP, o principal articulador da cobrança de propina aos representantes das empresas que aguardam apenas assinatura do superintentendente, Ângelo Pavin (PMDB), para liberação do documento.

"Em julho, o Dovilio pediu que eu saísse de férias e dias depois passou a ocupar minha função. Depois me pediram para voltar e ele estava lá. Então, pediu para que eu deixasse a diretoria de Gestão Ambiental e passasse a ocupar uma mesinha só para fazer licenciamento. Estranhei demais", contou o diretor. O superintendente adjunto, então, recuou, mas Tokuzumi diz que passou a ser perseguido.

 FILA NA AUTARQUIA

Três meses depois, Tokuzumi foi procurado por Calixto, que contou a ele sobre o suposto esquema na autarquia. "O advogado, que sempre vinha no prédio, disse que precisava de mim para um esquema que seria bom. E me orientou a trancar todas as licenças a partir daquele momento. E que todas as empresas deveriam falar com ele", detalhou o diretor de Gestão Ambiental. "O Calixto pediu, então, que chamasse as empresas e mandasse procurá-lo. Ele dizia: ‘Eu quero fila' e que se isso não acontecesse me tiraria dali." Dias depois, os dois discutiram rispidamente e Tukuzumi afastou-se do grupo. "Acelerei ainda mais a liberação dos processos, para que não ficasse dúvida sobre minha integridade. Não entrei nesse esquema de venda de assinatura do superintendente. Agora eles querem minha cadeira para mudar o procedimento."

Tokuzumi completou: "Qualquer pessoa que tem um pouco de visão sabe que isso não pode ser feito. Qualquer um acompanha pela internet toda a tramitação do processo. Não há como explicar tanta demora na mão do superintendente."


Beto Silva e Sérgio Vieira do DGABC

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