No momento da queda, por volta das 15h10, o cabista Rogério Batista, 27, aguardava o amigo e dono de um dos veículos atingidos, um Gol prata, o vendedor Marcelo Mendes, no banco do passageiro. "Só ouvi o estalo e vi a árvore caindo em minha direção. Por sorte não fui atingido", destaca.
Rogério e Marcelo são vizinhos e moradores de Ribeirão Pires; chegaram ao parque cerca de 15 minutos antes do acidente. "A gente vem jogar bola aqui todas as terças e quintas-feiras. É comum ver galhos caindo com o vento, mas nunca imaginava que isso poderia acontecer", diz Marcelo. Revoltado com o prejuízo, o dono do veículo quer ser ressarcido. "Consigo ver que quebrou um retrovisor e amassou a lateral. Será que terei de arcar com esse gasto? Não tenho seguro".
O Fox preto do diretor comercial Agnaldo Lançone, 42, foi mais danificado. O tronco da árvore atingiu em cheio a parte de cima do carro. Vidros foram quebrados e o capô, amassado. "Cheguei aqui há duas horas. Dei uma volta no parque e quando voltei tive essa surpresa." Apesar de ter acionado o seguro de seu veículo, Agnaldo ainda não sabia o quanto teria de desembolsar. Frequentadora do parque, a enfermeira Ana Paula Conigero conta que abria a porta do carro para ir embora quando sentiu forte rajada de vento e viu a árvore caindo na direção dos dois carros. "Fiquei assustada porque já tinha visto um moço dentro de um dos carros. Fui até lá ver se ele precisava de ajuda, mas ele estava bem", relata.
Acostumada a visitar o parque com a filha de 2 anos, a empresária Andréia Marcelino, 34 anos, diz ter medo de mais acidentes. "A gente vem sempre aqui. Mas agora confesso que fico com receio. Foi bem perto do portão de entrada, ou seja, poderia ter atingido um carro que estava entrando ou uma pessoa", observa.
A Prefeitura de Santo André informou que funcionários do Departamento de Áreas Verdes estiveram no local para avaliar a árvore. No entanto, ainda não se sabe o motivo da queda. Segundo a administração, as espécies naturais do parque são monitoradas constantemente e laudo sobre as possíveis causas do acidente será divulgado amanhã.
Idosa morreu após ser atingida por galho
A aposentada de Santo André Leda da Silva Maubrigades, 68 anos, morreu após ter sido atingida na cabeça por um galho que caiu de uma figueira centenária no Parque Celso Daniel no dia 14 de abril. A idosa fazia caminhada acompanhada do filho de um amigo da família no momento do acidente.
Na época, funcionários do Departamento de Parques e Áreas Verdes de Santo André, informaram que a figueira estava contaminada por fungos. Depois de avaliado, o vegetal, tombado em 1992 como patrimônio da cidade pelo Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André), foi podado e isolado.
FERIDOS
O caso não foi o primeiro envolvendo a figueira centenária. Em 28 de dezembro de 2007, parte de um tronco caiu e causou ferimentos em três pessoas que passeavam na pista de caminhada do parque. Técnicos do Depav constataram que parte da árvore estava apodrecida.
O vegetal tem cerca de 20 metros de altura; o tronco principal tem quatro metros de diâmetro. A estimativa é de que a árvore tenha entre 60 e 100 anos.
Onze mil árvores precisam de vistoria antes do verão
Pelo menos 11.337 árvores aguardam por vistorias de técnicos das prefeituras do Grande ABC, seja para simples poda ou para remoção, segundo levantamento. Com a proximidade dos temporais de verão, os vegetais representam riscos aos moradores, já que, sem manutenção, estão suscetíveis a quedas. Os acidentes podem ocasionar desde interrupção do abastecimento de energia elétrica até tragédias nos casos de residências ou vias públicas serem atingidas.
Neste ano dois acidentes chamaram atenção. Em outubro, um galho caiu sobre a fiação e ocasionou a queda de um poste na Avenida Prestes Maia, em Diadema. No início do ano, uma árvore da EE Adamastor de Carvalho, no bairro Utinga, em Santo André, caiu atravessada na Rua Bogotá e destruiu um veículo.
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