sábado, 12 de maio de 2012

Depoimento de diretor dá crédito às declarações de Calixto, diz delegado


O diretor financeiro do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Nelson de Freitas, ratificou à Polícia Civil que recebeu ordens do assessor de Gabinete, Antônio Feijó, para que o advogado Calixto Antônio Júnior operasse dentro da autarquia por determinação do prefeito Aidan Ravin (PTB).

Segundo o delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito criminal, o depoimento dá credibilidade às declarações do advogado, acusado de ser integrante do suposto esquema de propina na liberação de licenças ambientais.

Mais do que isso, o delegado analisa que dentro do conjunto probatório - reunião de documentos e depoimentos do inquérito - a oitiva deu força ao objeto da investigação, oriunda de denúncia feita pelo então diretor de Gestão Ambiental do Semasa Roberto Tokuzumi de suposto sistema de extorsão na autarquia.

Antecipando-se à oitiva agendada para segunda-feira, Freitas se eximiu, anteontem, de culpa pela atuação de Calixto no Semasa. Ele garantiu que elaborou o documento interno, em 8 de novembro, oficializando o ingresso do advogado para se preservar de problemas jurídicos. No depoimento, o diretor relatou que o indício da ciência da superintendência pode ser percebida pelo fato de, depois do fatídico informe anexado ao processo administrativo, não se produziu outro comunicado interno. Em miúdos, não havia necessidade de outros informes por telefone, pois tinha alguém (Calixto) de confiança do prefeito atuando no contingenciamento.

Antes do contato de Feijó, conforme depoimento de Freitas, o próprio Aidan fazia ligações constantes para deliberar pagamentos da autarquia. Primeiro, autorização de pagamentos até R$ 10 mil. Em seguida, de R$ 30 mil. Depois, colocou a cargo do adjunto de finanças acompanhar a quitação de fornecedores, como R$ 4,4 milhões à empresa Peralta Ambiental. Sobre a liberação desse repasse anormal, segundo o delegado, o diretor não sou explicar o motivo.

As circunstâncias, de acordo com o depoente, são indícios de que a determinação veio do primeiro andar da Prefeitura, onde fica o gabinete de Aidan. Freitas atestou que o superintendente, Ângelo Pavin, mandou cumprir as ordens superiores. Feijó será convocado a prestar esclarecimento na próxima semana.
Por nota, o assessor nega que tenha feito qualquer contato telefônico com Freitas. Também afirma que nunca recebeu nenhuma orientação de Aidan para tratar do assunto com funcionário da autarquia.

Ligação coloca Feijó na berlinda do DEM, sigla que preside

O eventual envolvimento do assessor de Gabinete do prefeito Aidan Ravin (PTB), Antônio Feijó, na indicação do advogado Calixto Antônio Júnior dentro do Semasa o coloca na berlinda do DEM, partido ao qual preside no âmbito municipal. A bancada da legenda na Câmara, composta por três vereadores, cobra esclarecimentos relacionados à ligação telefônica que teria ordenado a atuação do advogado, acusado de participação no suposto esquema na autarquia.

Ligado ao grupo de sustentação, os vereadores Evilásio Santana, o Bahia, e Toninho de Jesus solicitam reunião com o dirigente e o prefeito em caráter de urgência para tratar da situação. "Chamamos essa audiência para fazer acareação detalhada do que vem sendo ventilado nas investigações", disse Bahia. "Queremos esse encontro. Depois disso, pensaremos numa possível ação de punição (a Feijó), caso seja necessária."

O vereador Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho, por sua vez, afirma que, se confirmada a ligação, pedirá a expulsão de Feijó junto à estadual pela fragilidade da situação. "Estudamos pedir a destituição da comissão provisória. O partido não pode se reprimir."

Feijó está convocado para depor segunda-feira na CPI. Procurado, ele não foi localizado para comentar o assunto.


Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC

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