quarta-feira, 9 de maio de 2012

Calixto diz ter recebido R$ 200 mil de Aidan na semana retrasada


 
Calixto depõe no Fórum, mas ainda não apresentou provas de suposto esquema de corrupção. Foto: Luciano Vicioni
Calixto depõe no Fórum, mas ainda não apresentou provas de suposto esquema de corrupção. Foto: Luciano Vicioni
 
Declaração foi dada ao Ministério Público; pagamento teria sido feito em dinheiro no escritório do advogado

O advogado Calixto Antônio Júnior, apontado como mentor de um suposto esquema de extorsão que teria sido montado em novembro de 2011 no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), em depoimento ao MP (Ministério Público), nesta terça-feira (08/05), disse ter recebido na semana retrasada R$ 200 mil do prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), referentes à parte da dívida de R$ 800 mil de honorários advocatícios.

“O pagamento foi feito em espécie, no meu escritório. Um funcionário do prefeito foi até lá levar o dinheiro, entregue ao meu funcionário Márcio”, disse Calixto.

Ao ser questionado sobre o que fez com o dinheiro, Calixto sorriu e disse: “Com oito meses sem receber meus honorários, o que me restou foi pagar dívidas”, afirmou o advogado ao acrescentar que não fez depósitos porque não tem conta bancária aberta.
O advogado não soube informar a pessoa que efetuou o pagamento. “Eu não estava no escritório no momento do pagamento”, disse. “O prefeito também me mandou o recado que, em caso de reeleição, me daria espaço no governo. Eu não aceito. Eu só quero que ele pague o que me deve. Agora vou até o fim. Tenho compromissos com minha família e minha honra”, afirmou.

Calixto demonstrou certa mágoa, principalmente porque o prefeito disse que não o indicou para trabalhar no Semasa. “O prefeito vem negando tudo. Acho que até estão destruindo provas”, afirmou Calixto ao se referir ao documento que apresentou na Polícia em que o diretor financeiro da autarquia, Nelson de Freitas, teria assinado, informando que o prefeito foi quem o indicou para cuidar de questões ligadas aos fornecedores a partir de 8 de novembro de 2011.

O advogado declarou ao MP que teria sido convidado pelo prefeito para dar expediente no Semasa, mesmo sem ser funcionário, em setembro do ano passado, e que o contrato com Aidan foi verbal evolvendo um pagamento de R$ 100 mil  por mês de honorários advocatícios. De acordo com o advogado, durante oito meses os valores não foram pagos, acumulando uma dívida de R$ 800 mil. O valor só teria sido reduzido para R$ 600 mil na semana retrasada.

Cinco horas – O depoimento de Calixto no Fórum de Santo André começou às 14h e durou cinco horas. O promotor responsável pelo caso, Roberto Wider, disse que o advogado afirmou a existência de suposta “quadrilha” dentro da Prefeitura e que o líder seria o prefeito.“O advogado negou que tenha participado do esquema e disse que o prefeito negociava propinas diretamente com alguns empresários”, disse.

Calixto citou no Ministério Público os nomes de Aidan, dos ex-diretores de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi e Jarbas Zuri, o ex-homem forte de Aidan Nilson Bonome, o secretário de Habitação da Prefeitura, Frederico Muraro, e o secretário de Obras e Serviços Públicos, Alberto Casalinho.  Todos têm negado as acusações e alguns até movem ações contra o advogado por calúnia e difamação.

O promotor informou que Calixto citou quatro empresas envolvidas em suposto esquema de extorsão: Peralta, Sonda, Brookfield Construtora e Emparsanco. “O depoente afirmou que o prefeito ganha 12% do contrato que o Semasa tem com a Emparsanco e 10% da Peralta. Também relatou que um funcionário da Emparsanco com o nome de Hério fez um pagamento de R$ 500 mil diretamente no gabinete do prefeito. O advogado disse que depois da saída de Bonome da Prefeitura o esquema se tornou amador e o próprio prefeito recebia direto o dinheiro”, afirmou Roberto Wider.

Quanto à Brookfield, que constrói a Cidade Pirelli (shopping e imóveis residenciais e comerciais), reiterou que a propina teria sido de R$ 5 milhões. Sobre a Sonda o valor teria variado entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. “Para liberar a construção da Sonda, o próprio prefeito teria negociado diretamente o valor com a empresa”, disse o promotor.

De acordo com o advogado, a propina entre os integrantes do grupo também envolveria carros e imóveis luxuosos em Santo André e São Paulo.

Além de depor no MP, Calixto já foi à Polícia e à Câmara, onde há uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta para investigar as denúncias.

A assessoria de imprensa do prefeito informou que ele não se posicionará sobre as declarações de Calixto e que seus advogados se incumbirão de tomar medidas judiciais cabíiveis em defesa do chefe do Executivo. Aidan procurou a Procuradoria Geral do TJ (Tribunal de Justiça do Estado) nesta segunda-feira (07/05) para pedir apuração do caso. Conforme legislação no País, prefeitos só podem ser investigados pelo TJ.

O depoimento de Calixto no Fórum será encaminhado à Procuradoria, conforme informações do promotor Roberto Wider

Por: Gislayne Jacinto do Jornal ABCD Maior 

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