quinta-feira, 3 de março de 2011

A falência de uma cidade

Não é exagero falar isso quando o assunto é a cidade de Santo André.

O cenário atual é desesperador. Santo André está se tornando inviável enquanto cidade, graças ao descaso das autoridades com a população. A situação é insustentável e merece providências urgentes. Se não da prefeitura, da população.

Em 2009, o Dr. Aidan assumiu dizendo em campanha que a cidade estava abandonada, que o prefeito tornaria a cidade um local mais agradável, coisa que a administração anterior não fez. Na prática, o que vem ocorrendo é o contrário. E o principal problema da cidade, de alguns anos pra cá, tem sido o trânsito caótico. Que piorou substancialmente de alguns meses pra cá.

Essa postagem, mais do que triste, é uma postagem de revolta. Revolta contra as sucessivas administrações, culminando com a atual, que deixaram a cidade chegar nesse ponto. Revolta porque só são feitas obras em rios e córregos da cidade depois que caem as encostas das avenidas, como ocorreu na Av. das Nações, no Parque Novo Oratório, e na Av. dos Estados. Não há planejamento, não há cuidado, tudo é feito em caráter de urgência, conforme os problemas explodem e o prejuízo já está feito.
Quando isso acontece, ninguém calcula o efeito negativo que as obras de reparação podem causar. Ninguém calcula que o prejuízo do cidadão pode ser ainda maior se as tais "obras emergenciais" não forem realizadas da maneira adequada, com agilidade e respeito ao cidadão.

Na prática, enquanto a prefeitura se vangloria de dar uniforme para os alunos do Ensino Municipal (o que deveria ser uma obrigação) e de inaugurar o "Poupatempo da Saúde" (que é um AME, obra do governo estadual), o cidadão sofre para viver em Santo André como nunca sofreu.

O Viaduto Antônio Adib Chammas foi fechado parcialmente para uma reforma estrutural. Sem nenhuma espécie de contingenciamento, os moradores do 2º subdistrito, abandonados pela administração, levam aproximadamente uma hora para chegarem de suas casas, em bairros populosos, como Capuava, Parque Novo Oratório, Parque das Nações e Camilópolis, ao centro de Santo André. A administração ignora a qualidade de vida de pelo menos metade da cidade, além de milhares de motoristas que utilizam a Av. dos Estados oriundos de Mauá.

Para piorar a situação, não existe mais obra contra enchente na cidade. Vou fazer uma breve explicação sobre o ciclo da água:

- A água é um solvente universal.

- Como solvente universal, ela provoca algo que moldou o relevo do planeta durante a história: erosão.

- Isso quer dizer que, a cada chuva, sedimentos são depositados nos leitos dos rios.

- Na prática, as administrações devem fazer constantemente, todos os anos, obras de limpeza do rio e prevenção de enchentes, incluindo aí a limpeza de bocas de lobo, para diminuir ou impedir esse acúmulo de sedimentos, conhecido como assoreamento.

- Quando uma prefeitura não faz isso, instaura-se um círculo vicioso perigosíssimo, que Santo André está sofrendo exatamente nesse momento. Acompanhe:

1) Chove. Acumulam-se sedimentos nos leitos de rios.

2) Não são feitas limpezas de bocas de lobo e obras anti-enchente na cidade.

3) A cada chuva, mais sedimentos se acumulam nos rios, facilitando transbordamentos.

4) A cada transbordamento, a água cumpre seu papel de solvente universal, provocando erosão, penetrando nas estruturas construídas e tornando-as mais frágeis, diminuindo sua vida útil.

5) Com a diminuição da vida útil, ocorrem o que estamos vendo hoje: desmoronamentos nas encostas de rios, provocados pelos sucessivos transbordamentos, interdição de pontes e obras de reparo feitas às pressas, sem critério e prejudicando o cidadão.

É exatamente isso o que vemos acontecer em Santo André hoje. A Administração Municipal tem que ter consciência de que toda ação (ou inação, no caso), tem uma conseqüência, e que as conseqüências podem ser catastróficas.

No momento, temos uma única pista funcionando do sentido centro do viaduto Antonio Adib Chammas. A ponte que liga a Av. Antonio Cardoso ao centro de Santo André está interditada. Na prática, a prefeitura de Santo André, com incompetência e ingerência administrativa, está privando o cidadão andreense, especialmente o cidadão que mora no 2º subdistrito, de um dos direitos mais elementares, garantidos em Constituição: o direito de ir e vir.

O prejuízo causado às pessoas e às empresas pelos atrasos ocasionados pela péssima gestão de Trânsito da prefeitura são incalculáveis. Isso se não contarmos outros problemas igualmente graves, como a péssima operação tapa-buracos, que é ineficiente (reparem nas ruas da cidade, especialmente as residenciais. Muitas estão intransitáveis, devido ao enorme número de buracos na via), e a absoluta falta de projetos para a construção de novas vias na cidade, que venham a aliviar o trânsito a médio e longo prazo.

Existem projeções de que, no ritmo atual de crescimento, sem a construção de novas vias de ligação entre o 1º e o 2º subdistrito, preferencialmente por cima da Av. dos Estados, o trânsito da cidade entra em colapso em menos de cinco anos. A prefeitura, além de não projetar nada, está se encarregando, pela incompetência administrativa e pelo descaso com a população, de acelerar esse processo para a cidade entrar em colapso, se possível, em 2011 mesmo.

Existem outros diversos problemas em relação à administração municipal. Problemas que vão além da privação do direito de ir e vir. Mas que devem ser abordados em outras oportunidades.

E não estou promovendo partidos políticos ou ideologias aqui. Se a situação atual é calamitosa, ela foi construída por muitos anos. As ligações entre o 2º subdistrito e o centro de Santo André, com exceção do Viaduto Cassaqüera, são todas muito antigas, com décadas de existência, e as autoridades passaram décadas sem pensar em novas ligações para aliviar o trânsito da cidade. Estamos pagando o preço de décadas de incompetência administrativa hoje. Assim como o Grande ABC todo paga pela incompetência de décadas de abandono hoje em dia, com pouquíssimas ligações viárias entre a região e São Paulo, todas sobrecarregadas.

O pior de tudo é a falta de perspectiva de melhora para a cidade. Ano que vem temos eleições municipais. De um lado temos o PT, que governou a cidade por 12 anos, com problemas graves que são de conhecimento público. Do outro, temos o PTB do Dr. Aidan, que está se mostrando extremamente incompetente e sem preocupações em relação ao futuro da cidade. As outras opções que podem surgir são tão assustadoras quando as já existentes: Raimundo Salles, do quase finado DEM, e Paulinho Serra, do PSDB, que leva consigo a herança do finado ex-prefeito Newton Brandão.

Todos sem bons projetos. Todos presos a estruturas partidárias arcaicas e retrógradas. Nenhum deles oferece opções rápidas e factíveis para tirar a cidade do estado falimentar atual e torná-la viável novamente.

Gostaria muito que alguém tivesse a disposição de montar um grupo político novo na cidade, interessado apenas em projetos para Santo André, que tenha apreço pela cidade, proponha soluções efetivas e inteligentes e não fique preso às amarras do fisiologismo dos políticos aproveitadores da região, que só pensam nos cargos de comissão que podem ceder para seus apadrinhados quando detentores de algum bunker da administração andreense. Bunker, sim, porque cada Secretaria ou órgão da administração tornou-se uma pequena esfera de poder, em que o secretário é o chefe e muitas vezes esconde informações de outras secretarias, sendo que o governo é um só e deveria trabalhar todo em unidade, com parceria entre as secretarias.

O que fazer pela cidade daqui em diante? Existe, em algum momento, uma luz no fim do túnel, ou é apenas uma locomotiva vindo em nossa direção?
Fonte: http://politica-santoandre.blogspot.com

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