sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vistoria preventiva evita acidentes com árvores

A trágica queda de um galho da centenária figueira, no Parque Prefeito Celso Daniel, em Santo André, responsável pela morte de mulher semana passada, despertou a preocupação quanto aos riscos oferecidos por árvores mal cuidadas na região.
De acordo com Ricardo Lombello, professor de Biologia Vegetal da UFABC (Universidade Federal do ABC) e especialista em melhoramento vegetal, o acompanhamento periódico é fundamental e suficiente para detectar e solucionar problemas.

“Uma análise bem feita é capaz de verificar se a árvore apresenta sintomas como queda brusca e amarelamento de folhas, galhos secos em época errada, feridas e outras alterações que indiquem problemas”, destaca Lombello. Além da idade, a intervenção humana também pode trazer riscos à saúde das árvores. Exemplo são as podas irregulares, que abrem portas para a entrada de agentes que causam doenças.

A figueira centenária, um dos patrimônios históricos de Santo André, vem sofrendo agressões devido à interferência humana ao longo dos anos, segundo o professor da UFABC. “Por ser de valor simbólico, carecia de tratamento mais cuidadoso”, comenta. Lombello ressalta ainda que nem sempre é necessária a remoção da planta. A retirada de galhos mais pesados, que comprometem a saúde, pode resolver.

Fungos

Diferentemente do que foi informado por Valdemar Campião Jr., diretor do Depav (Departamento de Áreas Verdes de Santo André), um dia após a queda de um dos galhos da figueira, há meios simples que permitem análise da saúde interna das árvores. “Conseguimos retirar um pedaço do tronco com uma broca e fazer análise do interior da árvore sem precisar retirar galhos”, diz Lombello.

Segundo Campião, a figueira apenas apresenta aspecto normal externamente. “Por fora ela está sadia, mas depois da queda fizemos uma vistoria técnica e descobrimos que ela está com fungos no centro”, conta. “Por isso não conseguimos detectar nada”, completa.

Corte da figueira é incerto


Apesar de a Prefeitura de Santo André ter informado que a figueira centenária do Parque Prefeito Celso Daniel será cortada, o futuro da árvore ainda é incerto.

Neste dia 18, o Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico) solicitou ao DPAV a apresentação de laudo por instituição desvinculada do poder público municipal sobre a espécie. Segundo Campião, o fato de a árvore ser tombada como patrimônio municipal desde junho de 1992 não impedirá que seja derrubada.

“Já é uma árvore antiga e o ciclo de vida está chegando ao fim, então acredito que ela será, de fato, cortada, mas isso ainda depende de aprovação de diversos departamentos envolvidos”, explica. Campião não deu prazo para o desfecho.

Protesto

Movimento intitulado S.O.S. Figueira Parque Celso Daniel realizou nesta terça-feira (19) abraço simbólico para evitar o corte da árvore. Desde o acidente que matou Leda da Silva Maubrigades, de 68 anos, o grupo mobiliza a população por meio das redes sociais, como Facebook e Twitter para tentar evitar o corte.


(Colaboração: Aline Bosio) http://www.reporterdiario.com.br/

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