sexta-feira, 15 de abril de 2011

Aidan corta verba do Hospital da Mulher

Pacientes denunciam erros médicos que provocaram morte de bebês e apontam queda na qualidade do atendimento

O prefeito de Santo André,Aidan Ravin (PTB), cortou pela metade os investimentos no Hospital da Mulher entre os anos de 2009 e 2011. O orçamento deste ano para o hospital prevê investimento de R$2,4 milhões; já nos últimos dois anos, o valor anual estabelecido foi de R$ 4,9 milhões. O corte no orçamento do hospital já começa a afetar, com gravidade, o atendimento às munícipes.

Mães que perderam seus filhos em trabalho de parto acusam os médicos do Hospital da Mulher de negligência.

Fundado em 2008 pelo exprefeito João Avamileno (PT),o hospital deveria prestar atendimento de referência às mulheres da cidade.

Ana Ester Corbã, 20 anos,moradora do Jardim Guarará,está com depressão em decorrência de uma gravidez interrompida aos cinco meses. De acordo com Ana, o posto de saúde de seu bairro a encaminhou ao Hospital da Mulher com gravidez de alto risco.

“Em fevereiro apresentei dilatação. Fui até o hospital e os médicos me mandaram para casa. Falaram que eu só precisaria de repouso. Um dia depois perdi o meu bebê”, disse.

Apesar de perder o primeiro filho, Ana não pretende processar o hospital. “Na próxima segunda se completarão dois meses que perdi meu bebê. Estou triste. Seria meu primeiro filho e o primeiro neto de minha mãe. Toda a família está inconformada.Nada vai trazer meu bebê de volta”, desabafou.

A atendente J.M.C, 33 anos,que não quis se identificar, moradora do Jardim Irene, disse que há dois meses seu bebê nasceu morto, pois os médicos do Hospital da Mulher a teriam forçado para que esperasse por um parto natural. “Expliquei que tive problemas com o nascimento de minha primeira filha, mas debocharam de mim. Fui ao hospital nos dias 8,10 e 13 de fevereiro,sendo que neste último dia reclamei que estava com muitas dores. Deram-me um medicamento. Dois dias depois, voltei e o bebê estava morto”, disse.

J.M.C. pretende processar três médicos do Hospital da Mulher. “O Hospital tem ótimosequipamentos. Acredito que, talvez, a Prefeitura não tenha culpa direta sobre isso tudo. Alguns médicos pensam estar lidando com cachorros.”,denunciou.

Outra mãe que perdeu o filho,Mara Luci Ribeiro, 34 anos,moradora do Jardim Irene 4,ainda se emociona.“Cheguei em trabalho de parto, mas meu filho nasceu 16horas depois. Foi levado para a UTI, mas teve uma infecção e morreu”, disse.

Os dados com a redução de investimentos no Hospital da Mulher constam no próprio site da Prefeitura. No entanto, a assessoria de imprensa afirmou, em nota, que os repasses mensais aumentaram em 2011.

Laqueadura não impede gravidez

Após engravidar nove vezes,a moradora do Jardim Irene 4, Cícera Maria da Silva,38 anos, decidiu realizar laqueadura.A cirurgia foi feita pelo Hospital da Mulher. “No último Natal, descobri que estava grávida um ano depois de ter feito laqueadura. O problema é que minha gravidez é de alto risco, pois tenho o útero baixo e sofro de pressão alta”, disse.

Cícera está no sexto mês de gestação e acusa o Hospital da Mulher de erro médico.“Já entrei com processo”,afirmou. Apesar de ter engravidado dez vezes, Cícera teve cinco filhos, um está em gestação e os outros quatro ela perdeu. Além disso, seu marido perdeu o emprego recentemente.

Cirurgia

A laqueadura é um processo de esterilização definitiva feminina.É considerada uma cirurgia simples, na qual as trompas são cortadas e suas xtremidades amarradas de tal forma que a passagem dos  espermatozóidesfica bloqueada. De acordo com a legislação brasileira, para ser submetida à laqueadura, a mulher precisa ter mais de 25 anos ou dois filhos, além de passar por entrevista com assistente social.

http://www.tiagonogueira13.com.br/

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